segunda-feira, janeiro 23, 2012

Foi mal: era só uma teoria!!




‎"O ódio como fator de luta, o ódio intransigente ao inimigo, que impulsiona para além das limitações naturais do ser humano e o converte em uma efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de matar. Nosso soldados têm de ser assim: um povo sem ódio não pode triunfar sobre um inimigo brutal."
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"Há que levar a guerra até onde o inimigo a leve: à sua casa, seus lugares de diversão, torná-la total. Há que impedi-lo de ter um minuto de tranquilidade, de ter um minuto de sossego fora dos quartéis, e mesmo dentro deles: atacá-lo onde quer que se encontre; fazê-lo sentir-se uma fera acuada onde quer que esteja."


O autor das frases demoníacas acima não foi Hitler, não foi Stalin, não foi o médico alemão genocida Josef Mengele, não foi o maníaco do parque. Foi um homem que muitos consideram um herói, um símbolo da paz, um defensor da liberdade, um homem que estampa camisetas, cartazes, quadros e é admirado pelos jovens pelo mundo afora. O autor das frases demoníacas acima é ninguém menos que Che Guevara, aquele do filme Diários de motocicleta. Um homem cruel e sanguinário, que dentre as suas características possuía o defeito de odiar homossexuais a ponto de ter mandado vários aos campos de concentração que ele criou em Cuba e que funcionam até hoje em dia. Um homem com instinto assassino e maléfico que só as forças do demônio podem conferir.
Che Guevara não é somente um rostinho em uma camiseta, é um dos homens mais sanguinários e violentos que a raça humana já produziu. Infelizmente, por ignorância, uma grande quantidade de pessoas boas ainda admiram esse crápula.
Sugiro o livro "Guia politicamente incorreto da América Latina", de Leandro Narloch e Duda Teixeira, além de escritos e discursos do próprio Che, para que conheçam a verdadeira face desse ser maléfico que um dia existiu.

quinta-feira, janeiro 05, 2012

Glórias acadêmicas lulianas

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 27 de dezembro de 2011

O sr. Paulo Moreira Leite, que no exercício do jornalismo assumiu como sua particular missão e glória nunca entender nada, escreve que as reclamações contra a pletora de títulos universitários concedidos ao ex-presidente Luís Inácio da Silva refletem um preconceito, um pedantismo acadêmico que não se conforma em ver subir na vida um self made man cuja pobreza o impediu de adquirir educação escolar.

Anos atrás dei ao sr. Moreira o apelido de sr. Moleira, por me parecer que a formação do seu aparato craniano tinha sido ainda mais incompleta que a educação do sr. Lula. Seu palpite de agora sugere que ela tenha mesmo retrocedido um pouco.

Quem quer que conheça a história intelectual do nosso país sabe que é uma constante da sociedade brasileira o ódio à inteligência, misto de temor e despeito, e acompanhado, à guisa de compensação neurótica, pelo culto devoto aos títulos, cargos e honrarias exteriores que a substituem eficazmente em festividades acadêmicas e homenagens parlamentares.

A mentalidade geral, já antiga e tão bem retratada por Lima Barreto, segue a das vizinhas fofoqueiras do Major Quaresma, que, ao ver pela janela a biblioteca daquele infausto patriota, comentavam: “Para quê tanto livro, se não é nem bacharel?”

Que, em contrapartida, faltem livros nas estantes dos bacharéis e doutores, onde abundam garrafas de uísque e fotos de viagens internacionais, é coisa que não ofende nem choca a alma nacional. O estudante universitário brasileiro lê em média menos de dois livros por ano, e nem por isso deixa de receber seu diplominha e tornar-se, no devido tempo, chefe de departamento, reitor ou ministro.

Um amigo meu, nascido e criado no Morro da Rocinha, no Rio de Janeiro, confessava: “Sofri mais discriminação na favela, por ler livros, do que aqui na cidade por ser preto.”

Todo mundo sabe que, neste país, para subir na carreira universitária não é preciso conhecimento nenhum, apenas ter as amizades certas e emitir, nos momentos decisivos, as opiniões políticas recomendáveis. Pessoas ilustres como o dr. Emir Sader, o ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, o ex-reitor da UnB, Christovam Buarque, assim como inumeráveis outras cujos pensamentos e obras exaltei em O Imbecil Coletivo, já deram provas sobejas de que uma sólida incultura e uma inépcia pertinaz são não somente úteis mas indispensáveis ao sucesso acadêmico, desde que acompanhadas de uma carteirinha do PT ou documento equivalente.

Se os títulos acadêmicos são tidos como valores absolutos em si mesmos, independentemente de quaisquer méritos intelectuais correspondentes, e se estes por sua vez nada valem se desacompanhados daqueles, a razão disso está nos profundos sentimentos democráticos do povo brasileiro. A inteligência e o talento são dons inatos, que a natureza ou a Providência distribuem desigualmente aos seres humanos, criando entre eles uma diferenciação hierárquica que, do ponto de vista dos mal dotados, é uma humilhação permanente, uma ofensa intolerável e um mecanismo de exclusão verdadeiramente fascista. Os títulos acadêmicos foram inventados para aplanar essa diferença, dando aos incapazes e medíocres uma oportunidade de se sentir, ao menos em público e oficialmente, igualados aos maiores gênios criadores das artes, das letras, das ciências e da filosofia, se não mesmo aos santos da Igreja, aos anjos do céu e até à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, como é precisamente o caso do sr. Lula.

Ao contrario do que diz o sr. Moleira, o que faltou a este último não foi a educação formal, foi justamente a educação informal, aquela que um trabalhador impedido de freqüentar escola adquire em casa, em ônibus, em trens ou no metrô, lendo livros. O sr. Lula já expressou mais de uma vez sua invencível ojeriza a essa atividade dolorosa, na qual tantos escritores brasileiros, pobres como ele ou ainda mais pobres, adquiriram a única formação que tiveram.

A diferença entre eles e o sr. Lula reside precisamente aí: eles conquistaram seus méritos intelectuais por seu próprio esforço solitário, sem a ajuda de professores, do Estado ou de qualquer entidade que fosse, ao passo que o sr. Lula preferiu subir na vida sem precisar de méritos intelectuais ou morais nenhuns, contando apenas com a ajuda de algumas dezenas de organizações bilionárias – empresas, bancos, sindicatos, partidos – e o dinheiro do Mensalão.

Isso não o torna nem um pouco diferente dos bacharéis e doutores, apenas mostra que ele levou à perfeição o sonho de todos eles: ostentar um punhado de títulos universitários sem precisar, para isso, ter estudado ou aprendido absolutamente nada exceto a arte sublime do alpinismo social.

Quando cidadãos de nível universitário reclamam das glórias acadêmicas lulianas, não o fazem, como o imagina o sr. Moleira, por elitismo intelectual genuíno, que ao menos supõe algum amor ao conhecimento. Fazem-no por pura inveja do concorrente desleal que conquistou mais títulos sabendo ainda menos. Quem fala pela boca deles não é a inteligência humilhada pelo sucesso da ignorância: é o corporativismo do establishment acadêmico, que gostaria de reservar para si o monopólio da produção de analfabetos diplomados, sem dividi-lo com a mídia e os partidos políticos.

O sr. Moleira imagina que se opõe a essas criaturas, mas na verdade expressa melhor que ninguém o sentimento delas todas, ao proclamar que os títulos acadêmicos de Lula devem ser motivo de orgulho nacional. Que maior motivo de orgulho existe, numa alma de brasileiro, senão o título enquanto tal, o título em si, o título sem nada dentro?

Extraído do site: www.olavodecarvalho.org

domingo, dezembro 04, 2011

O que a foto de Dilma sugere, revela e esconde

O que a foto de Dilma sugere, revela e escondePor Reinaldo Azevedo

Como disse Voltaire, o segredo de aborrecer é dizer tudo. Então vamos lá.

foto-dilma-depoimento-justica-militarA foto acima circulou bastante na Internet ontem. Vemos ali Dilma Rousseff, aos 22 anos, em novembro de 1970, quando depunha numa auditoria militar, no Rio. A imagem está no livro “A Vida quer coragem”, de Ricardo Amaral, que foi assessor da Casa Civil quando Dilma era ministra. Ele trabalhou depois na campanha eleitoral da então candidata do PT à Presidência. A petezada está excitadíssima — uma estranha e mórbida excitação, acho eu. Já falo a respeito. Antes, algumas considerações.

A hagiografia lulística exalta o nordestino tangido pela seca, o menino pobre, depois operário e sindicalista, que venceu todas as vicissitudes do destino — sua mãe nasceu analfabeta; fosse rica, já viria à luz citando Schopenhauer — até se tornar presidente da República e inventar o Brasil. Antes dele, eram trevas. Em palanque, o homem já chegou a se comparar a Cristo. O analfabetismo de nascimento de Dona Lindu é, então, uma espécie de metáfora da virgindade de Maria. Dilma, cuja família era rica, tem de ser santificada por outro caminho. Em tempos de instalação de uma “Comissão da Verdade” — que será a verdade dos que perderam a luta, mas ganharam a guerra de versões , é preciso ressuscitar a têmpera da heroína. Os grupos a que ela pertenceu praticavam, na verdade, ações terroristas. E daí? Isso não vai interessar à tal comissão.

Segundo se informa, Dilma havia sido torturada durante 22 dias antes de ser apresentada ao tribunal. Não vou pôr isso em dúvida. É coisa séria demais! Noto apenas que alguém que se deixa torturar pela lógica se vê obrigado a indagar por que os trogloditas que a seviciaram interromperam o serviço sujo para dar curso ao aspecto legal e formal da prisão. Adiante. O fato é que a imagem reúne um coquetel de clichês que serve à hagiografia dilmista.

Vemos ali uma mocinha magriça, bonita, cabelo meio à la garçonne, socialista por dentro (mas isso não se vê, só se sabe) e existencialista por fora. Embora, consta, ela desse aula de marxismo para a sua turma e cuidasse de parte das finanças da VAR-Palmares, há a sugestão de uma intensa vida interior, mais para“A Náusea”, de Sartre, do que para a literatura leninista. Olha para o vazio, com uma firmeza triste. Atrás dela, fora do foco, militares devidamente fardados consultam papéis. As mãos escondem o rosto. O contraste resta óbvio: na narrativa fantasiosa, a vítima, de cara limpa, estaria enfrentando seus algozes, que tentam se esconder da história. A justiça, firme e frágil, contra os brutamontes acovardados. Davi contra Golias. O Bem contra o Mal. A democracia contra a ditadura. O título do livro não deixa dúvida sobre o desfecho: “A Vida quer coragem”.

Em tempos de “Comissão da Verdade”, essa é a grande falácia alimentada por esse coquetel de clichês. Não eram democratas os militares que estavam no poder. Tampouco eram democratas aqueles que tentavam derrubar os militares do poder. Os poderosos de então tinham dado um golpe de estado. Os atentados terroristas não buscavam derrubá-los para instituir, então, um regime democrático no país. Os ditos “revolucionários” queriam também uma ditadura, só que a socialista.

Morreram 424 pessoas combatendo o regime militar — algumas delas com armas na mão, trocando tiros com as forças de segurança ou tentando articular as guerrilhas. Outras foram assassinadas depois de rendidas pelo Estado, o que é um absurdo. Os grupos de esquerda no Brasil, não obstante, embora com um contingente muito menor e muito menos armados do que o estado repressor, mataram 119! E, como é sabido, ninguém acende velas para esses cadáveres porque não têm o pedigree esquerdista. Contam-se nos dedos os “mortos pela ditadura” que não estavam efetivamente envolvidos com a “luta” para derrubar o regime. Não estou justificando nada. Apenas destaco, até em reconhecimento à sua própria coragem, que elas sabiam, a exemplo de Dilma, o risco que corriam. Já a esmagadora maioria dos indivíduos assassinados pelos grupos de esquerda — sim, também pelos grupos de Dilma — eram pessoas que nada tinham a ver com a “luta”, nem de um lado nem de outro: apenas estavam no lugar errado na hora errada: comerciantes, transeuntes, taxistas, correntistas de banco, guardas…

Apelando à pura lógica, isso é uma indicação do que teria acontecido se os movimentos ditos revolucionários tivessem realmente conseguido se armar para valer, atraindo milhares de brasileiros para a sua aventura. Teria sido uma carnificina, como é, ou foi, a história do comunismo. Dada a brutal diferença de aparato, fôssemos criar um “Índice de Letalidade” dos esquerdistas armadas e das forças do regime, aqueles ganhariam de muito longe. No campeonato na morte, as esquerdas são sempre invencíveis. É inútil competir.

Esses são fatos que a foto esconde. A luta dos democratas — não a dos partidários de ditaduras — nos restituiu um regime de liberdades públicas e respeito ao estado de direito. Felizmente, Dilma sobreviveu e é hoje umas das beneficiárias, em certa medida, de sua própria derrota, já que é a democracia que a conduziu ao posto máximo do país. Este garoto, no entanto, não teve igual sorte.

mariokozelfilho11Trata-se de Mário Kozel Filho, que morreu num atentado praticado pela VPR no dia 28 de junho de 1968. A organização terrorista lançou um carro sem motorista contra o QG do II Exército, em São Paulo. Os soldados que estavam na guarda dispararam contra o veículo, que parou no muro. Kozel foi em sua direção para ver o que tinha acontecido. O carro estava carregado com presumíveis 50 quilos de dinamite. A explosão fez em pedaços o corpo do garoto, que tinha 18 anos. Treze meses depois, a VPR se fundiu com o Colina, o grupo a que pertencia Dilma, e surgiu a VAR-Palmares. Os assassinos de Kozel foram, pois, companheiros de utopia daquela moça que lembra uma musa existencialista na foto que agora serve à hagiografia.

Este homem também não teve a mesma sorte de Dilma.

capitao-alberto-mendes-juniorTrata-se do capitão da PM Alberto Mendes Júnior, assassinado por Carlos Lamarca e seus comparsas da VPR no dia 10 de maio de 1970. Àquela altura, o grupo já havia se separado da VAR-Palmares. Mendes havia sido feito prisioneiro do grupo. Como julgassem que ele estava atrapalhando a fuga, um “tribunal revolucionário” decretou a sua morte. Teve o crânio esmagado com a coronha de um fuzil. Dia desses, vi um ator na televisão exaltando a “dimensão da figura histórica de Lamarca”. Entenderam???

Caminhando para a conclusão
Alguns bobalhões — os que me detestam, mas não vivem sem mim — enviaram-me vários links com a foto de Dilma, fazendo indagações mais ou menos como esta: “E aí? Quero ver o que você vai dizer agora”. Pois é… Já disse! Alguns preferem ficar com as ilusões que a imagem inspira. Eu prefiro revelar os fatos que ela esconde.

A presidente Dilma Rousseff — que se fez presidente justamente porque as utopias daquela mocinha frágil, felizmente, não se cumpriram — assinou anteontem a carta da tal Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac). Trata-se apenas de uma iniciativa para dar voz a delinqüentes como Raúl Castro, Hugo Chávez, Rafael Correa, Daniel Ortega e Evo Morales. A carta democrática não toca em eleições e imprensa livre porque isso feriria as susceptibilidades desses “democratas diferenciados”. Na cerimônia, o orelhudo Daniel Ortega identificou um grande mal na América Latina: A IMPRENSA.

De certo modo, Dilma assinou aquela carta com os olhos voltados para o passado. E ela só é presidente porque os democratas lhe deram um futuro.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

Texto interessante sobre Belo Monte

Belo Monte e o movimento ambientalista


por , sexta-feira, 18 de novembro de 2011


O problema de falar sobre Belo Monte — pior ainda, falar contra Belo Monte — é que você será imediatamente visto como aliado de gente esquisita, como artistas globais que mal sabem do que falam (mas falam assim mesmo, pois pertencem à casta dos bem pensantes e por isso gozam de plena imunidade intelectual) e ambientalistas lunáticos que não hesitariam em dizimar a humanidade para proteger minhocuçus, aranhas, tatus e macacos-prego.

É claro que eu não acharia nada ruim em ser visto ao lado de Juliana Paes, Letícia Sabatella e Maitê Proença (senti falta da Christiane Torloni). Porém, uma coisa é estar acompanhado delas; outra, bem distinta, é ser confundido com alguém que pensa da mesma maneira que elas. E é esta tragédia que quero evitar aqui.

O leitor provavelmente já deve ter assistido ao vídeo abaixo. Caso ainda não o tenha feito, reserve 5 minutos do seu tempo para a tarefa. O vídeo é tecnicamente muito bem feito e possui um roteiro bem elaborado. Para os incautos, ele é bastante persuasivo. O primeiro um minuto e meio é muito bom. Depois é que a coisa degringola. Veja:



Para resumir, a ideia do movimento contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte se apóia em três pilares:

1) A hidrelétrica será construída majoritariamente com o dinheiro de impostos.

2) A hidrelétrica vai desalojar índios e populações ribeirinhas.

3) A hidrelétrica vai matar peixes e inundar uma área de 640 km2 de floresta, algo que certamente vai alterar o eixo de rotação da terra. Ademais, hidrelétrica em floresta é energia suja (só seria boa no deserto, segundo Letícia Sabatella). Bom mesmo é moinho de vento e energia solar.

Primeiro item

O primeiro item é irretocável. Aliás, foi uma grata surpresa ver a classe artística tão preocupada com a imoralidade que é a espoliação do dinheiro alheio. No entanto, é óbvio que se trata de um mero truque emocional para atrair mais gente para o movimento; afinal, na hora de correr para o governo e pedir que ele confisque mais dinheiro do setor produtivo para repassar para o cinema nacional e inúmeros projetos culturais, os artistas são os primeiros a entrar na fila. Portanto, essa repentina guinada libertária é meramente um estratagema para ludibriar e atrair para o seu movimento ambientalista alguns indignados a mais. (Mesmo porque, até onde se sabe, nenhuma destas estrelas — inquestionáveis fontes de sabedoria e autoridade moral — parecem estar se queixando da farra com o dinheiro público que está sendo feito em nome da Copa do Mundo, cuja importância é muito menor que a de uma hidrelétrica.)

No entanto, vamos ignorar essa manobra esperta e nos concentrar exclusivamente na mensagem anti-tributária, a qual, vinda de quem veio, já é um grande avanço. De fato, é o BNDES (sempre essa praga) quem irá financiar 80% da obra — de início, os R$ 24 bilhões de que fala o vídeo; porém é fácil prever que, como de praxe, tal valor acabará sendo muito maior que o planejado.

Há uma regra que nunca falha: sempre que o governo, à revelia de todos, se empenha laboriosamente em aprovar projetos de lei ou em empreender obras impopulares, pode ter certeza de que tem alguém ganhando muito dinheiro com isso. O seu dinheiro, obviamente. Políticos são sensíveis ao voto, é claro, mas são ainda mais sensíveis às necessidades de empreiteiras e bancos cujas contribuições de campanha serão proporcionais às benesses que ganharam do governo. Entre o eleitor comum e os grandes financiadores de campanha, não é nenhuma ciência complexa imaginar quem será o privilegiado.

No caso de Belo Monte, o dinheiro irá para as empreiteiras que formaram os consórcios e para os bancos que irão financiá-los. (Além do BNDES, há também o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia (Basa), o Bradesco, o Itaú Unibanco, o HSBC, o Santander, o Banco Votorantim, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o BES Investimento do Brasil. Quanto às empreiteiras, os nomes de todas elas estão disponíveis aqui.

Os mais crédulos e otimistas diriam que o governo está apenas preocupado com o bem comum de uma massa ingrata e ignara. Desnecessário dizer que governo benevolente é um oximoro; governos se preocupam exclusivamente com os interesses de seus membros e com os interesses de grupos de interesse que fazem lobby. Na democracia, gentileza sempre vai gerar novas gentilezas — afinal, a conta sempre pode ser repassada para terceiros.

Portanto, quanto ao primeiro item, a concordância é de 100% com o vídeo. O apelo para a não construção de Belo Monte com dinheiro de impostos é totalmente louvável. Por coerência, esperemos que estes artistas venham mais a público denunciar todos os tipos de obras públicas e demais empreitadas governamentais. Aliás, que venham a público protestar contra todos os tipos de gastos do governo. Afinal, se todos concordamos que construir hidrelétrica com dinheiro público é errado, imagine então tomar dinheiro da população para financiar coisas totalmente sem importância, como teatros, cinema e outros "projetos culturais"? Tenho certeza de que os artistas brevemente estarão protestando contra isso também. Um novo YouTube já deve sair na semana que vem.

E considerando que o gasto total do governo federal já está na casa de R$ 1 trilhão, e dado que "meros" R$ 24 bilhões provocaram toda essa azáfama entre os artistas, então é certo que eles se engajarão com ainda mais vigor para combater todo e qualquer tipo de gasto público, desde obras para a Copa até gastos com educação. O que é mais importante, ter hidrelétrica ou pagar professores de ciências sociais em universidades federais?

Mas é claro que nada disso vai acontecer. E por um motivo muito simples: como explicado, essa crítica ao fato de Belo Monte estar sendo construída com dinheiro público é mera espuma. É apenas um truque para agregar mais gente à causa. A real intenção desse movimento é uma só: avançar a agenda ambientalista, a qual será abordada no terceiro item.

Segundo item

O segundo item também traz uma revelação surpreendente: os artistas, uma classe progressista por natureza, se mostram inflexíveis defensores da propriedade privada. A população ribeirinha e os índios que habitam o local teriam de ser removidos para a construção de Belo Monte, desapropriação essa que no jargão técnico se chama 'domínio eminente'. Mas a classe artística, destemida, veio a público denunciar este totalitarismo estatal, revelando-se resoluta em sua defesa da inviolabilidade do sacrossanto direito de propriedade privada.

O que chama atenção nessa abordagem é que apenas genuínos conservadores e libertários são favoráveis à total inviolabilidade dos direitos de propriedade. Se um grupo de pessoas se estabeleceu em uma região, se eles adquiriram aquela terra por meios honestos (sem roubo ou invasão) e se eles 'misturaram seu trabalho àquela terra', então tal local passa a ser sua propriedade privada. E de maneira inquestionável e sacra. Alguém removê-los de lá contra a vontade deles seria um violento atentado aos seus direitos de propriedade privada. Tanto os índios quanto a população ribeirinha teriam de ter o direito de recusar qualquer tipo de proposta que lhes fosse feita.

Mesmo liberais moderados e todos os social-democratas em geral defendem uma relativização dos direitos de propriedade. Segundo eles, a propriedade não pode se sobrepor ao 'bem comum'. Se o governo decidir que uma casa deve ser derrubada para a construção de uma rodovia, está decidido. O proprietário não tem o direito de reclamar. Ele que se contente com sua indenização (sempre menor que o valor da propriedade) e se retire. É preciso abrir mão de confortos e se sacrificar pelo bem comum.

Já os artistas são muito mais reacionários. Com eles não tem negócio, não. A violação da propriedade privada não é negociável. Se os índios e os ribeirinhos não querem sair dali — e tudo indica que realmente não querem —, então tudo deve ser cancelado. É por isso que tenho certeza de que brevemente os artistas também estarão protestando contra todos os governos estaduais e municipais que estão praticando domínio eminente a rodo em todo o país para agradar à FIFA. O YouTube deve sair daqui a duas semanas, com Marcos Palmeira e Eriberto Leão recitando trechos de Hans-Hermann Hoppe.

Creio não ser realmente necessário explicar que esta postura é apenas mais uma velhacaria concebida ardilosamente para atrair mais pessoas à causa ambientalista, desta vez recorrendo ao apelo emocional da compaixão pelos destituídos. Respeito à propriedade privada? Só se for a deles. Esse povo nunca esteve interessado nisso. A real intenção desse movimento, repetindo, é uma só: avançar a causa ambientalista. E para isso é necessário conquistar as mentes e os corações (principalmente os corações) dos mais incautos.

Terceiro item

E é no terceiro item que o movimento explicita suas genuínas cores e intenções. A preocupação nunca foi o dinheiro público ou a propriedade privada. A preocupação sempre foi a de salvar girinos, bagres, minhocas e piranhas. Além de árvores e cipós, é claro. Um momento bastante impactante ocorre quando Eriberto Leão, com voz incisiva e sílabas pronunciadas sombriamente, anunciou que "a usina de Belo Monte vai alagar, inundar, destruir 640 km2 de floresta amazônica". Apavorante? Parece muita coisa? Acha que isso causará o fim do sistema solar? Não se você considerar que a Amazônia tem uma área de 5.500.000 km2, detalhe que fizeram questão de nem mencionar. Logo, essa "tragédia" inundaria 0,01% da Amazônia. E qual é a área da floresta que é desmatada anualmente? 19.000 km2. Anualmente. Logo, o 'estrago' que Belo Monte fará é ínfimo se comparado ao tamanho do desmatamento anual da região. E todo esse desmatamento, ao que tudo indica, não alterou o equilíbrio mundial. Não obstante, o vídeo quase nos faz crer que justamente estes 640 km2 alterarão completamente o ecossistema da região, gerando chuva ácida, aquecimento global, tornados, furacões, tsunamis etc.

Ato contínuo, os sábios apresentam a solução para o impasse: esqueçam essa bobagem de usinas hidrelétricas. São nocivas para o mundo. O must do momento é energia eólica e energia solar. Ou seja, a energia hidrelétrica pode ser perfeitamente substituída por vento e por raios de sol. É possível? Claro que é! E como seria isso? Ah, isso é um problema pequeno, que pode ser perfeitamente deixado para depois. O que importa é que Eriberto Leão garantiu que é possível. E Eriberto é a voz da ciência. Se ele diz que é possível, então não pode haver discordância.

Ora, energia eólica e a energia solar de fato podem gerar eletricidade, mas não o suficiente e em nível nacional. Ambas podem funcionar bem como complementos muito localizados, mas não em grande escala. O vídeo deixa claro que os artistas irão se opor veementemente à construção de novas hidrelétricas na Amazônia (as quais já estão programadas), e exigirão a substituição de todas essas hidrelétricas por vento e sol.

Como perfeitamente ironizou George Reisman,

Mas há um problema sério, e que aparentemente tem sido amplamente ignorado por aqueles mais impacientes pela construção dos moinhos e painéis solares: o incômodo fato de que nem sempre está ventando e nem sempre o sol aparece. E, até o presente momento, não há notícia de um método econômico e em larga escala capaz de armazenar eletricidade para uso posterior. Tal fato implica a necessidade de se manter o atual sistema de produção operando conjuntamente com o novo sistema baseado inteiramente no vento e no sol. Porém, caso tal sugestão seja demasiado reacionária, então que nos acostumemos a prolongados períodos de blecaute.

Uma curiosidade adicional é que a energia eólica, pelo visto, também gera problemas para os ambientalistas, pois está promovendo uma chacina de pássaros e águias.

A mentalidade ambientalista

Essa doentia insistência dos ambientalistas em querer impor 'energia limpa' e em exigir 'energia mais eficiente' é uma postura que, caso seja implementada como eles querem, irá solapar toda a produtividade da economia, bem como todo o nosso bem-estar. Por quê? Porque 'energia mais eficiente', no linguajar verde, significa simplesmente uma menor produção de energia por habitante. E é aí que surge a nossa miséria. Para que haja um aumento na produtividade da mão-de-obra, algo indispensável para o enriquecimento de economia, é necessário que haja um constante aumento na quantidade de energia disponível per capita. Caso contrário, para compensar este não aumento da energia disponível, cada trabalhador terá de aumentar sua carga de trabalho muscular caso queira continuar produzindo mais e melhores bens e serviços. E isso seria um ataque direto ao nosso padrão de vida. Afinal, nossa qualidade de vida depende primordialmente de um fato: nossa força muscular, que é bastante modesta, tem de ser continuamente auxiliada por quantidades cada vez maiores de energia mecânica, na forma de máquinas, motores e geradores, alimentados por gasolina, diesel, gás, eletricidade e energia nuclear. Quanto maior a variedade de opções, melhor. E é isso que os ambientalistas querem abolir.

O movimento ambientalista, portanto, é um movimento profundamente anti-mercado, anti-bem-estar e anti-desenvolvimento, pois suas propostas solapam por completo a produtividade do trabalho. Consequentemente, elas destroem todas as possibilidades de progresso econômico e de aumentos salariais — os quais estão diretamente ligados à produtividade. Somente um constante aumento na produtividade da mão-de-obra, auxiliado pela utilização de uma maior quantidade de energia per capita, pode gerar um aumento na oferta de bens e serviços em relação à oferta de mão-de-obra disponível (um marceneiro é mais produtivo utilizando uma serra elétrica em vez de um serrote). E é esse arranjo que gera uma redução nos preços em relação aos salários. Ou, falando de outra forma, é esse arranjo que torna possível os salários aumentarem sem que os preços tenham de subir, ou sem que tenham de subir na mesma proporção dos salários.

Outro problema do movimento ambientalista, e aqui o efeito é meramente cômico, é sua total incoerência e a total ignorância. Explico: os ambientalistas afirmam que não se pode confiar cegamente na ciência e na tecnologia para a construção de usinas nucleares, nem para a produção de pesticidas, conservantes químicos, agrotóxicos, transgênicos etc. No entanto, quando o assunto é aquecimento global (que é o bicho-papão que realmente move essas campanhas ambientalistas), imediatamente surge uma área cujos métodos científicos e tecnológicos despertam nos ambientalistas a mais excitante e irreversível confiança, uma área em que, até bem recentemente, ninguém — nem mesmo o mais fervoroso defensor da ciência e da tecnologia — jamais havia demonstrado ter muita confiança. Se há uma coisa, afirmam os ambientalistas, que a ciência e a tecnologia podem fazer perfeitamente, sem nenhuma margem de erro significativa, e na qual podemos ter confiança ilimitada, é prever o tempo — para os próximos cem anos!

Afinal, é exatamente com base na previsão do tempo que os ambientalistas praticamente exigem que abandonemos todas as benesses trazidas pela Revolução Industrial. Ou, como eles eufemisticamente costumam dizer, que 'mudemos profundamente o nosso estilo de vida' — em total prejuízo do nosso bem-estar material, é claro. Temos de reduzir continuamente nossas emissões de dióxido de carbono e, óbvio, reduzir nosso consumo de petróleo, gás natural, carvão e qualquer coisa que libere CO2. E, pelo visto, a seguir a nova tendência, também teremos de reduzir nosso consumo de eletricidade gerada por meios hídricos. Daqui a pouco seremos proibidos de respirar.

Outro fator hilariamente contraditório diz respeito à energia nuclear. Por mais que cientistas e engenheiros nos assegurem, baseando-se nos mais mínimos detalhes das mais reputadas leis da física, que a energia nuclear é perfeitamente segura (no Brasil não há terremotos como no Japão), os ambientalistas se retraem em espasmos quando ouvem o termo — mais ou menos como fez Bruno Mazzeo, que teve de fazer uma concessão e dizer que a energia hidrelétrica é mais limpa que a energia nuclear. E por que reagem assim? Porque, segundo eles próprios, não devemos arriscar de maneira irresponsável a vida das próximas cinquenta gerações, que correm o risco de ser expostas a radiações nocivas. Porém, paradoxalmente, baseando-se exclusivamente na previsão do tempo, eles estão dispostos a destruir todo o sistema econômico da atualidade e abolir toda a civilização industrial — o que impediria que avançássemos sequer mais umas duas gerações.

Em resumo: a nossa civilização industrial deve ser abolida unicamente para evitar que, no futuro, o clima fique ruim. Lunáticos estão exortando a destruição do nosso padrão de vida com o intuito de manipular a temperatura média do mundo e o nível dos oceanos nos séculos futuros. E, de quebra, também para evitar a morte de insetos, sapos, micos, árvores e mato.

Qual a semelhança e qual a diferença entre o "socialismo científico" marxista e o atual movimento ambientalista? O marxismo representa o coletivismo em sua fase jovem, arrogante e impetuosa. Já o ambientalismo representa o coletivismo em sua fase senil e esclerosada. O marxismo, falsa e desonestamente, ao menos prometia grandes bonanças: o potencial humano seria finalmente libertado dos grilhões da opressão capitalista e a prosperidade material seria o inevitável resultado dessa nova ordem. Já o ambientalismo se limita a aterrorizar pessoas cuja mentalidade é menos desenvolvida que a de uma criança, e oferecer a elas uma lista de coisas que elas devem fazer caso queiram evitar vento e chuva. De certa forma, o ambientalismo é o estágio final do coletivismo.

Conclusão

Não foi o objetivo deste artigo falar como funcionaria um livre mercado de energia elétrica, como ele seria mais eficiente, mais barato e mais abrangente. Isto já foi dissecado nestes dois artigos. O objetivo aqui foi analisar um pouco das nuanças do movimento ambientalista e mostrar como eles estão aprendendo a se adaptar e a remodelar seu discurso para atrair gente desavisada para a sua causa.

No mais, o Brasil possui 851 milhões de hectares. Apenas 0,2% são ocupados por cidades e suas obras de infra-estrutura. Dizer que os ocupantes de meros 0,2% de um imenso território estão causando a destruição irreversível de todo o ecossistema seria vigarice ou imbecilidade?

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Quem quiser ser contra a construção de Belo Monte, ótimo. Eu também sou. Mas sou unicamente porque se trata de uma obra corporativista — na qual o dinheiro público é dividido entre os amigos do rei — e anti-mercado. Também sou contra porque ela representa um ataque indefensável à propriedade privada. E é só. Pouco me importa o que ocorrerá com as minhocas e as piranhas de uma ínfima região da Amazônia. A natureza sempre se adapta. É assim há pelo menos 2,5 milhões de anos.


Extraído do site: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1157&ref=nf#.TscEqsntvyg.facebook

quinta-feira, junho 09, 2011

A DESTRUIÇÃO DO IDIOMA E SEUS PROPÓSITOS (NÃO TÃO) OCULTOS


Por Heitor De Paola


O objetivo da Novilíngua não é apenas oferecer um meio de expressão para a cosmovisão e para os hábitos mentais dos devotos do IngSoc, mas também impossibilitar outras formas de pensamento. Tão logo for adotada definitivamente e a Anticlíngua esquecida, qualquer pensamento herético será literalmente impossível, até o limite em que o pensamento depende das palavras. Quando esta for substituída de uma vez por todas, o último vínculo com o passado será eliminado.

George Orwell, 1984

O mais importante sucesso de uma revolução ocorrerá quando uma nova filosofia de vida for ensinada para todos e, se necessário, mais tarde forçada sobre eles. (...) A principal tarefa da propaganda é ganhar o povo para a nova organização. A segunda é a ruptura do estado de coisas existente permeando-o com a nova doutrina.
Adolf Hitler,
Mein Kampf


No último artigo para o Jornal Inconfidência iniciei uma nova série denominada A Quarta Fronteira e abordei primeiramente a fronteira lingüística, continuada aqui. Existem vários caminhos para a destruição revolucionária de um idioma com o objetivo de romper o estado de coisas existente.

A substituição da norma culta por um linguajar popular, sem "preconceitos", como demonstrei naquele artigo, a diabólica imposição forçada do politicamente correto e, derivada desta, a censura a autores renomados da literatura nacional, como se está fazendo com Monteiro Lobato, alegadamente racista - como pelo mesmo motivo as
novas edições de Huckleberry Finn, de Mark Twain retiraram as palavras nigger e injun (consideradas hoje ofensivas aos negros a aos índios), que na época nada tinham de racista, por slave. Como observa Jamelle Bouie, no The Atlantic, apagando nigger do Huckleberry Finn "não muda nada. Não cria esclarecimento racial nem nos livra do legado da escravidão e da discriminação racial. Tudo o que consegue é criar nos americanos a aversão à história e à reflexão histórica".

O mesmo certamente acontecerá com a censura às passagens carinhosas escritas por Lobato em relação à Tia Anastácia - 'a melhor quituteira do mundo' - que vendo a onça chegar perto, "tal como um macaco trepou rapidamente numa árvore para se salvar". Segundo o politicamente correto isto é inaceitável porque compararia todos os negros com macacos, e não que a palavra macaco possa ter sido empregada para expressar a agilidade de subir agilmente em árvores!
O Professor Evanildo Bechara[1] aborda corretamente a estreita ligação dos "preconceitos lingüísticos" e a imposição do "politicamente correto" e acrescenta: "Esta questão do 'preconceito lingüístico' foi algo que os sociolinguistas trouxeram à discussão para estabelecer na sociedade quem manda mais e quem pode menos. No entanto este preconceito não tem mão única. Ele surge tanto da pessoa que fala a norma culta em relação à norma popular, como daquele que fala a norma popular em relação à norma culta. Porque o preconceito resulta da diferença e esta não é só do mais para o menos, mas também do menos para o mais". E relaciona diretamente com o politicamente correto: "hoje não se pode dizer o preto ou o negro. Porém o negro diz do branco: 'o branco azedo'".

Pode-se notar claramente que apenas uma das mãos é interditada, a outra não, não só é aceita como até mesmo estimulada. É exatamente aí que os críticos do politicamente correto se enganam: a aparente eliminação dos "preconceitos", sejam raciais, sejam de linguagem, não passa de uma mensagem sedutora para encobrir o desígnio revolucionário de criar uma Novilíngua para destruir a cultura, como alto conceito de saber, cujo aprendizado só pode ser adquirido com grande esforço, suor e lágrimas.

William Lind se refere ao politicamente correto como "AIDS intelectual" [2]:

"Tudo que ela toca adoece e finalmente morre". Os politicamente corretos não querem que ninguém saiba uma verdade: "Politicamente correto não é nada mais do que marxismo traduzido do econômico para o cultural. (...) Enquanto o marxismo clássico prega que a história é determinada pela propriedade dos meios de produção, o cultural diz que a história é explicável pela identificação de quais grupos - definidos por sexo, raça, normalidade ou anormalidade sexual - têm poder sobre os outros grupos".

O marxismo cultural, imperante na deseducação desde 1994 com a gestão de Paulo Renato Souza no Ministério da Educação[3], considera que a revolução deve "expropriar" os homens brancos, heterossexuais e cultos deste poder, concedendo-o às "minorias" - homossexuais, feministas, negros, índios, quilombolas. Mulheres não feministas ou negros e índios que não aceitam esta ideologia são rejeitados como submissões aberrantes.

No que toca ao assunto que estou abordando o mesmo se dá com relação à cultura: os que aprenderam e usam a norma culta são os poderosos, e devem ser expropriados deste poder elevando a linguagem popular, errada ou inculta, ao mesmo nível. Rejeitam-se os que querem aprender a falar corretamente como submissos ao "poder cultural". Bechara (loc. cit.) mostra que até a expressão "língua culta" sofreu este processo de depuração politicamente correta, na medida em que é considerada pejorativa, e por isto usa-se hoje em dia "língua padrão". Mas, embora diga que concorda com isto, em toda a entrevista só usa o tradicional "culta", o que não poderia deixar de ser em se tratando de um dos maiores gramáticos brasileiros.

Gramsci, a cultura e a linguagem

A "filosofia" de Gramsci resolve-se assim num ceticismo teorético que completa a negação da inteligência pela sua submissão integral a um apelo de ação prática, [4] ação que, realizada, resultará em varrer a inteligência da face da Terra, por supressão das condições que possibilitam o seu exercício: a autonomia da inteligência individual e a fé na busca da verdade.
Olavo de Carvalho, A Nova Era e a Revolução Cultural

A concepção gramscista da linguagem é centrada sobre a comunicação, o seu "ser social". A linguagem é, sobretudo o elemento onde se estratificam e se exprimem as distinções sociais, as desigualdades culturais fossilizadas. A linguagem contém filosofia e, inversamente "para criar uma ordem intelectual é necessária uma linguagem comum. "A materialidade das ideologias próprias à gnosiologia da política não se reduz exclusivamente à materialidade do conteúdo e das instituições. "A materialidade específica na qual se produz a ideologia é a linguagem, e de modo geral o significado" [5].

Gramsci estudou o que chamava de "duas Culturas": a erudita e a popular: do folclore à novela, passando pelo romance popular, a cultura popular, é vista como cultura subalterna, essencialmente assistemática e não elaborada, que implica num novo objeto para a determinação do conceito de cultura: uma história das classes subalternas. Seu estudo corresponde a uma corrente da atual pesquisa histórica, a história das mentalidades.

A reforma intelectual e moral da sociedade visa elevar as classes subalternas da condição de 'classe corporativa' (interesse meramente econômico) à 'classe nacional', com consciência de classe e protagonismo, adequando a cultura popular à função prática de realizar a transição para o socialismo, exercer a hegemonia e o consenso, capacitando-a ao exercício do poder[6]. Para isto são necessários dois fatores principais: a ampliação do conceito de intelectual e a criação de uma escola para os intelectuais orgânicos, conscientes de sua posição classista que comandarão o processo a se dar de forma totalmente inconsciente nas massas por via emocional e evitando o uso da razão.

A ampliação do conceito de intelectual inclui a totalidade dos indivíduos com qualquer nível de instrução, que possam atuar na propaganda ideológica: atores e atrizes do show business ou jogadores de qualquer esporte, publicitários, funcionários públicos, sambistas, roqueiros, letristas, etc. Pessoas que dificilmente sabem articular um pensamento completo, contrariando o conceito clássico de intelectual. São os intelectuais orgânicos[7]. Mas para Gramsci, 'todo mundo é um filósofo', pois na linguagem está contida uma específica concepção de mundo. Assim, a lingüística, o estudo da linguagem, está diretamente relacionado aos estudos de política, cultura, filosofia e 'senso comum'[8].

Os intelectuais orgânicos devem se organizar e homogeneizar sua classe com vistas à hegemonia, uma casta consciente preparada para a produção de atividades propagandísticas travestidas de intelectuais. Esta casta forma uma verdadeira escola para atuar como agentes transformadores da consciência e a paulatina modificação do senso comum: são os 'formadores de opinião', conscientes de sua atuação.

Nestes pontos Gramsci também está de acordo com Hitler:"Quando um movimento objetiva pôr abaixo um mundo e construir outro no seu lugar, deve manter a total clareza nos altos escalões de suas lideranças" [9]. Hitler também recomendava, a par de jamais encarar o individuo como pessoa, mas sempre como membro de um grupo social, "peneirar o material humano em dois grandes grupos: apoiadores e membros. Um apoiador é aquele que se declara em acordo com os objetivos, um membro é aquele que luta por eles, e corresponde à minoria" (id.). Alguma diferença entre as massas de idiotas úteis e os intelectuais orgânicos?

Deve-se lembrar que durante os governos militares, quando a palavra comunista era proscrita e podia dar cadeia, os comunistas rapidamente encontraram uma palavra substituta: intelectuais Estes se reuniam abertamente em locais como o Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, sem despertar suspeitas e sem correrem riscos, pois seria um absurdo prender intelectuais que "apenas estavam discutindo assuntos de sua exclusiva competência" [10]. Na verdade eram os intelectuais orgânicos - a intelectualidade ampliada - que cumpriam duas tarefas: primeiramente estas reuniões eram usadas para tornar públicas as decisões tomadas à sombra pelos comitês centrais das diversas organizações revolucionárias em segundo lugar, como recomendava Gramsci, tentavam assimilar e conquistar ideologicamente os intelectuais tradicionais e isolar os recalcitrantes expelido-os de seus lugares, títulos, cargos e tudo o mais, assumindo assim a hegemonia. Restou a estes a convicção do reconhecimento da sua dignidade, o que é muito mais dos que os primeiros podem ostentar com todas as comendas e currículos acadêmicos.

Depois da "redemocratização" e, principalmente, desde 1994 com a ascensão ao poder desta corja, chegou-se à situação atual de termos hoje uma imprensa canalha totalmente dominada[11] e uma academia de formar burros e idiotas. A educação básica não poderia ser diferente do que é.

Os intelectuais e o Estado

Há um erro fundamental na crítica às mudanças gramaticais, kit gay e a doutrinação política nas escolas: atribuir a culpa ao Estado tucano ou petista. Na verdade, o desenvolvimento por mais de 30 anos do exposto acima já atingiu uma das principais metas gramscista: a modificação do senso comum, levando a doutrinação das classes intelectuais e subalternas a uma existência autônoma com relação ao Estado e à política. Pode-se pensar, e muitos assim raciocinam, que basta eleger outros governantes de corte conservador para conseguir mudar esta situação da educação brasileira. Certamente isto pode, é e será explorado por aspirantes a cargos públicos que se apresentem como conservadores, liberais ou genericamente 'de direita'. Nada mais falso! A modificação do senso comum no Brasil já atingiu o nível no qual seu desenvolvimento, ampliação e aprofundamento adquiriram por assim dizer vida própria e não dependem mais do Estado.

"para as classes produtivas (burguesia e proletariado) o Estado só é concebível como forma concreta de um mundo econômico determinado (...). No Entanto (...) a classe portadora das novas idéias é a classe dos intelectuais, e a concepção de Estado muda de aspecto. O Estado é concebido como uma coisa em si, como um absoluto racional. Podemos dizer o seguinte: o Estado sendo o quadro concreto de um mundo produtivo dado, e os intelectuais o meio social que melhor se identifica ao pessoal governamental, a transformação do Estado em absoluto é a função própria dos intelectuais. Assim, sua função histórica vê-se concebida como absoluto e sua existência como que racionalizada (...) Cada vez que os intelectuais parecem dirigir, a concepção do Estado enquanto Absoluto reaparece, com todo o cortejo reacionário que a acompanha inevitavelmente" [12].

A força do Estado nada mais pode fazer para impedir que as ações revolucionárias sigam seu curso, pois estas possuem uma força inercial de tal grandeza que somente uma fortíssima repressão, frente à qual a contra-revolução de 1964 ou mesmo a de 1973 no Chile, pareceriam um acidente num passeio na Disney. O poder a ser enfrentado não está mais na ponta de um fuzil ou em atentados terroristas, mas já ultrapassou a Quarta Fronteira, a fronteira mental da quase totalidade da população de tal forma que não basta enfrentar um establishment identificável; o establishment é a força das idéias hegemônicas do que Gramsci recomendava: o 'Estado ampliado', a sociedade civil orgânica por ele idealizada.

Ao examinar a situação escolar brasileira há um imenso risco em adotar uma visão antitética das relações entre Estado e sociedade civil na atual cultura política brasileira, pois a sociedade civil já é capaz de se autoproduzir e reproduzir independentemente da luta política institucionalizada, como observa Magrone[13] :
Não se trata apenas de um esgotamento das energias utópicas, mas algo mais fundo que se assemelharia à aceitação universal da idéia panglossiana de que vivemos hoje no melhor dos mundos possíveis. A indiferença parece ser hoje o subtexto de quase todos os movimentos da vida pública, gerando uma apatia cidadã que começa a preocupar até mesmo os espíritos menos sensíveis aos efeitos da omissão coletiva na esfera política. Idéias e valores tradicionais perderam o seu poder de configuração. Cada vez mais, a competição agonística dos interesses particulares tem como conseqüência um expressivo estreitamento dos futuros possíveis, a ponto de reduzir qualquer ação social aos limites do lucro próximo.

Cada vez mais me convenço de que Olavo de Carvalho está certíssimo ao dizer que o brasileiro é o povo mais dinherista do mundo: aos pobres, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e outras benesses, principalmente cerveja e cachaça baratas. À classe média, controle da inflação, dólar barato, crédito fácil para casas, carros importados, bebidas de qualidade, freqüentes viagens ao exterior. Aos ricos, empresários, banqueiros e principalmente empreiteiros, créditos do BNDES a perder de vista, obras governamentais que facilmente são superfaturadas e, com a expansão do Foro de São Paulo uma penca de governos cúmplices e tão corruptos quanto o nosso para expandir negócios muitas vezes escusos. Usufruindo deste mundo panglossiano, cultura para quê? Perder tempo com estudo de gramática quando nem mais cheques precisamos preencher, bastam o meios eletrônicos de pagamento nos quais é só digitar uma senha?

Se Magrone (op.cit.) acerta numa parte do diagnóstico, erra no principal ao dizer:
Está-se, portanto, diante de uma crise do modo mesmo pelo qual até hoje vivemos e representamos o mundo. Em tal contexto, as idéias de Gramsci parecem não encontrar um terreno propício ao seu desenvolvimento, a despeito do fato de ele ser considerado por muitos intelectuais como o "teórico da crise". Além disso, a recepção dos Cadernos do cárcere no seio da intelligentsia educacional brasileira é ainda um problema em aberto.
Magrone parece não perceber que não há necessidade de ler os Cadernos, pois no Brasil já estamos vivendo em pleno mundo gramscista!

Extraído do blog: http://blog.anatolli.com.br

terça-feira, março 15, 2011

Frases de Jesus Cristo



"Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai se não por mim."

"Aquele que crê em mim nunca estará sozinho."

"Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá."

"Amarás a Deus e ao teu próximo, assim como amas a ti mesmo."

"O que queres que os homens façam por ti, faça igualmente por eles."

"Eis que até mesmo o mais forte rochedo ruirá perante a vontade do Senhor. Até mesmo a mais forte das fortalezas sucumbirá perante a vontade do Senhor."

"O olho é a lâmpada do corpo. Se teu olho é bom, todo o teu corpo se encherá de luz. Mas se ele é mau, todo teu corpo se encherá de escuridão. Se a luz que há em ti está apagada, imensa é a escuridão."

"Para isto eu nasci e vim ao mundo, para dar testemunho da verdade; todo o que está pela verdade, ouve a minha voz."

"Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento; e o segundo, semelhante a este é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos depende toda a lei e os profetas."

"Se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no Reino dos Céus."

"Eu sou a luz do mundo, aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida."

"Em verdade vos digo, aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. O que nasceu da carne, é carne e o que nasceu do espírito é o espírito."

"Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho ensinado."

"Buscai primeiro o reino dos céus e a sua justiça e todas estas coisas serão acrescidas."

"Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos."

"Acredites, pois aqueles que não o fizerdes, eu vos desacreditarei perante meu Pai. Não me negareis, pois aqueles que o fizerdes, eu vos negarei perante meu Pai. Por fim, não vos julgueis, pois aqueles que assim o fizerdes, eu vos julgarei perante meu Pai."

"Ponha-te de acordo, sem demora, com teu adversário, enquanto estas com ele a caminho, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e seja posto no cárcere. Em verdade te digo, que dali não sairás antes de teres pago o último centavo."

"Se seus líderes vos dizem: 'Vejam, o Reino está no céu', então saibam que os pássaros do céu os precederão, pois já vivem no céu. Se lhes disserem: Está no mar, então o peixe os precederá pelo mesmo motivo. Antes, descubram que o Reino está dentro de vós, e também fora de vós. Apenas quando vós se conhecerem, poderão ser conhecidos, e então compreenderão que todos são filhos do Pai vivo. Mas se vos não se conhecerem a si mesmos, então viverão na pobreza e serão a pobreza."

"Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve."

"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela."

"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito na verdade, está pronto, mas a carne é fraca... na vossa paciência salvai vossas almas."

"Aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte d'água que salte para a vida eterna."

"Como o ramo de si mesmo não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muitos frutos porque sem Mim nada podeis fazer."

"Se Me amais, segui os Meus mandamentos: o amor mútuo entre os que creem é a maior sintonia do Reino de Deus."

"Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros."

"Quem vos ouve a vós, a Mim Me ouve, e quem vos rejeita a vós, a Mim Me rejeita."

"De que vale ao homem conquistar todos os tesouros da terra e perder sua alma?"

"Todos devem honrar o Filho, como honram o Pai: quem não honra o Filho, também não honra o Pai, que O enviou."

"Aquele que crê no Filho terá a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece."

"Em verdade vos digo, que se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos; quem come a Minha carne e bebe o Meu sangue tem a vida eterna, e Eu o ressuscitarei no último dia."

"Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz e siga-me."

"Ninguém subiu ao céu, a não ser quem desceu dos céus, o Filho do Homem que ali permaneceu. Onde dois ou três se reuniram em Meu nome, lá Estou entre eles."

"E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. O Espírito da Verdade, O Qual o mundo não pode conter... Ele os instruirá de toda a verdade."

"Todo aquele que comete pecado é escravo do pecado; ora o servo não fica para sempre em casa, o Filho fica para sempre; se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres."

"Eu e o Pai somos Um só; aquele que Me viu, viu ao Pai... o Pai está em Mim e Eu estou no Pai... tudo que é Meu é Teu (do Pai) e o que é Teu é Meu... Nós (Pai e Filho) viremos e faremos nossa morada nele..."

"Nós (Pai, Filho e Espírito Santo) viremos para ele e nele faremos morada. Assim o Reino de Deus penetra no homem."

"Que vos ameis uns aos outros, assim como Eu vos amei."

"Se vós Me conhecêsseis a Mim, também conheceríeis a meu Pai."

"Conheça a verdade e ela te libertará."

"Pai, Perdoa-lhes pois não sabem o que fazem."

"Eu estarei com vocês até o fim dos tempos."

"O amor é tudo."